A Importância da Comunicação Para a Satisfação Conjugal




Com o surgimento do estudo científico da felicidade humana, no final da década de 1980, alguns cientistas voltaram-se para a investigação dos fatores que podem contribuir para uma vida mais feliz. Dentre esses fatores um tem se destacado, a satisfação conjugal. Os resultados dos estudos acerca da felicidade no casamento têm oferecido uma rara oportunidade para se refletir sobre os hábitos e as estratégias adotadas pelos casais que se sentem felizes com a própria relação. As pesquisas sobre satisfação no casamento indicam que a felicidade conjugal parece depender, em grande parte, de um fator em especial: o diálogo.

A ausência de comunicação, ou uma comunicação inadequada, pode colocar em risco as chances de se obter satisfação no casamento. Uma das características mais marcantes das relações infelizes é que os parceiros – ambos ou um deles – sentem-se inseguros e/ou amedrontados demais para expressar os próprios sentimentos e opiniões. Todos nós quando ingressamos numa relação, o fazemos com diversas expectativas sobre como as coisas devem ser conduzidas. O que as pesquisas sobre satisfação conjugal têm demonstrado é que a superação de expectativas irreais sobre o casamento, e sobre o parceiro, é fundamental para uma relação mais feliz. A questão é que um casal sem habilidades para a comunicação tende a potencializar os pontos de atrito. Assim, aquilo que poderia ser apenas um choque de realidade entre duas perspectivas diferentes, acaba por tornar-se a alavanca para uma série de desapontamentos e decepções consumadas.

Quando falamos em comunicação é comum que cada indivíduo entenda isso como:

- “que eu possa falar o que penso e sinto”;

- “que eu consiga convencer o outro do meu ponto de vista”;

- “que eu obtenha o que me interessa”.

Resumindo, “que eu vença!”. Aí mora o perigo! Aparentemente, os casais felizes lidam com a perspectiva de que o casamento não pode ser encarado como uma batalha na qual um perde e o outro ganha. Para aqueles que vivenciam a satisfação conjugal, o casamento parece assemelhar-se muito mais a um acordo diplomático, no qual procura-se um ponto de equilíbrio que possa, ao máximo, contentar o interesse de ambas as partes. Mas, sem ilusões ou ingenuidade. Discutir, defender um ponto de vista, brigar pelo que se considera importante também é essencial.

A maioria dos casais quando se envolvem numa discussão tendem a buscar uma solução o mais rápido possível para se livrar do problema. É claro que isso não resolve o problema! Existem muitas formas de tentar escapar de algo que nos desagrada num casamento: ceder para não brigar; não tocar no assunto; minimizar os danos gerados pelo problema; transferir a responsabilidade para o outro ao invés de assumir que um problema numa relação a dois sempre será responsabilidade do casal, etc. A questão é que não é possível resolver um problema, seja qual for, enquanto as duas partes envolvidas não tiverem a chance de dizer tudo o que precisam dizer sobre o que incomoda em relação àquele tópico específico.

A grande dificuldade da maioria de nós numa discussão é ouvir tudo o que o outro tem a dizer sem criticá-lo, atacá-lo, rebatê-lo, interrompê-lo, etc. Mas, quem quiser se comunicar apropriadamente precisa aprender a fazer isso. Uma estratégia que pode ajudar na condução de uma discussão é: colocar a queixa de maneira suave, sem ataques, sem culpabilizações. Quando iniciamos uma conversa responsabilizando o(a) parceiro(a) pelo que nos incomoda, desencadeamos uma atitude defensiva da outra parte, aí não tem conversa. A discussão vira apenas um jogo de ataque-defesa.

Contudo, pode-se evitar que a discussão conjugal vire uma batalha de acusações. Uma forma simples de fazer isso é colocando o problema a partir da perspectiva afetiva individual, ou seja, ao invés de dizer _“você nunca me ouve”; pode-se dizer _“eu sinto que nem sempre consigo me fazer entender como gostaria”. Ao invés de dizer _“você não me ajuda em nada”; pode-se dizer _“tenho me sentido muito sobrecarregado(a), e gostaria que você me ajudasse a resolver esse problema”. Quando a queixa é colocada dessa forma, sem pressões ou acusações, a comunicação se torna muito mais eficiente entre o casal. Conseguir solucionar as diferenças pelo diálogo pode levar à soluções simples e brilhantes, que contentam a ambos e cria um sentimento de cumplicidade e de responsabilidade mútuas pelo andamento da relação. O bom diálogo conjugal costuma priorizar duas orientações, são elas:

1- conseguir falar/ouvir sobre o que incomoda sem deixar-se tomar pela raiva. Afinal, comunicar-se implica ser hábil para partilhar tanto as coisas ruins quanto as boas.

2 - não dizer tudo de negativo que vem a cabeça durante uma discussão. Na maioria das vezes, os casais quando discutem tendem a “despejar” todas as frustrações e insatisfações do relacionamento a um só tempo. O ideal é conseguirmos separar as coisas: somente os eventos, sentimentos, fatos, etc., que dizem respeito ao tópico que está sendo discutido devem ser tratados. Uma coisa de cada vez! Essa estratégia tão simples evita ressentimentos e, fundamentalmente, permite que o problema que gerou a discussão seja solucionado. Se um casal se habitua a resolver cada problema que surge isoladamente, as chances de que os problemas produzam mágoas acumuladas diminui consideravelmente.

Por tudo isso, é importante ter em mente que a melhor estratégia comunicativa entre um casal é falar e ouvir!


Fonte: Folha Vitória

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